domingo, 12 de abril de 2009

Abduzido

Encontrei por acaso, pedindo informação, um moço normal, com um sorriso lindo, nada demais. Ele fala comigo, tira os óculos de sol e, então, eu vejo os olhos verdes mais lindos do mundo, isso mesmo, do mundo!!!
Ele diz que eu sou tão interessante, atraente (por que ficam me dizendo isso??), diz que quer me conhecer. Quem resiste a olhos tão verdes? Digo o número de meu telefone, ele fica de me ligar.
Ele me liga, marcamos de ele ir até minha casa. Conversamos, ele diz que sou linda, adorei ele (não vou mentir), é tudo tão perfeito.
- Posso te ligar para combinarmos de sair?
- Claro!! (que felicidade, ele é lindo!!)
Estou apaixonada, rápido assim mesmo.
Mas ele não ligou, não apareceu..
Penso nos motivos. Ele foi atropelado, perdeu a memória, mas nesse caso ele teria vindo até mim, sabe? Porque jamais me esqueceria!!
Ele tem outra pessoa. Não, ele teria terminado para ficar comigo.
Talvez ele tenha perdido o celular e não se lembra do número de meu telefone. Mas ele sabe onde moro.
Enfim, analisei e a única explicação possível é que ele foi levado por extra-terrestres, ele até levou o celular, mas não tem sinal, sabe??
Então, fico por aqui, esperando. Quando os aliens trouxerem ele de volta (ai, aqueles olhos verdes me enlouquecem..), ele virá me procurar e então.. quem sabe??

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Sou mulher, como tantas, como todas.
Marias, Joanas, Anas, Fernandas, Danielas, Larissas, Franciscas, aff.. mães, filhas, esposas, amantes, freiras (freiras!!!).
Igual a todas, diferente, única, irreconhecível.
Passional, celibatária, emotiva, vingativa, abandono e sou abandonada, choro, me desespero, nem ligo..
Se for meu, volta. Se não voltar, não era para ser. Se era para ser e não quer voltar, sofro pelo resto da vida, até que te esqueço e me pego cantando, dançando, beijando outra boca, dizendo te amo (eu nunca disse te amo).
Exijo respeito, falo baixo até quando grito, atraio atenções, olhares (atraente, me dizem), não acredito, sou feia, sou gorda, sou magra demais, fiquei velha, sou infantil, incoerente, séria demais, sistemática, antiquada.
Ai..
Perdi tantas chances, nasci no século passado (1789, vi a revolução francesa, gritei pela rua, fiz arruaça, perdi a cabeça). Incoerente, não falo nada com nada, coisa com coisa, coisa com nada, nada com coisa..
Me perdi.
Mas o que eu quero, é um amor, que me faça sonhar, sorrir sem porquê, esquecer que estou triste, entediada, sair, sentar na praça (coisa antiga, ninguém mais faz isso), escrever um romance, dizer te amo (mentira, nunca disse, nunca direi).
Eu, celibatária, abstêmia, vou me acabar na bebedeira, te amar a noite inteira, e, depois, negar, sorrindo, todos vão saber que é mentira, nem ligo..
Atrás de você, que nem uma gata, toda lenta, toda dissimulada, sem te perder de vista, lutando por você, gritando, arranhando.. Você não vai aguentar, vai sumir depois de duas semanas. Daí vai perceber que ninguém vai te amar assim, que eu sou igual a todas a outras mulheres, única, ímpar, sem igual..

domingo, 18 de janeiro de 2009

Sonhos

Não pense que sou uma sonhadora vã, uma alienada, vivendo uma vida fora da realidade, talvez para não encarar a própria realidade. Não nego, fica mais fácil ter paciência, esperar, quando os sonhos invadem minha mente, quando consigo voar para um universo encantado, respiro e vivo como se real fosse.
Mas volto, sempre volto..
Não compartilho mais meus sonhos. Decepcionei-me com alguém que amo, bastou uma palavra à toa, e já chorei..
Mas não deixei de sonhar, voar, fechar os olhos e me transportar para esse mundo meu, porque é ai onde eu sorrio, canto, sou eu. Não estou dizendo que minha vida seja ruim e nem que seja boa, não compartilho, não desabafo. Sou forte e cada vez mais dura, mas não em meu mundo paralelo, lá eu sou amiga do rei..

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Chances

Perdi muitos que amei e amo... A verdade é que não sei... Perdi quem poderia ter sido minha irmã, a irmã que um dia eu sonhei que poderia ter. Não tivemos muito tempo, ela sempre tão ocupada, com tanto por fazer, tentando fazer a vida acontecer, mas, assim que tudo começa a melhorar, a vida não dá chance, e ela parte. Para onde? Para sempre.

O que mais me lembro é de suas mãos, tão gorduchas e graciosas, como mãos de criança, ficou na memória o toque firme e pesado de suas mãos.

Você me pedia tantos favores e a verdade é que eu nunca me incomodei, até gostava, mas as pessoas sempre a exigir que a gente tome posições e atitudes que nem sempre queremos e, por fim, eu me fazia de ofendida, jurava que ia "fazer alguma coisa" e sempre me fazia de vencida. À toa, para evitar discussões, cobranças, sempre me agradou nossas conversas, nossas visitas, às vezes tão rápidas, às vezes adiadas...

Algumas vezes queria desabafar, falar com alguém, contar coisas que me deixavam verdadeiramente triste, que me matavam aos poucos, mas percebia suas tantas preocupações e nunca quis te perturbar, aumentar suas tristezas.

E assim a vida foi passando e a gente se distanciando, e perdemos a chance de ser irmãs, você era a única filha, a única mãe, a única esposa.

Sinto sua falta, sempre sentirei, não chorei quando você partiu, preferi endurecer meu coração, mas, acredite, eu te amo hoje e sempre..